Shargrol - Ensinamentos no DhO

Para colocar de forma meio poética, agora você precisa se deixar morrer na Equanimidade. Não estou falando de nada dramático, na verdade é mais como uma morte lenta e tranquila. Quando você tem muito poder intelectual e muita autossuperação, a coisa mais difícil é apenas estar na equanimidade. Ironia do destino, isso pode parecer horrível para alguém acostumado a realizar coisas, mas você realmente precisa superar isso. Desista da atitude, desista do controle, desista das manobras, desista da triangulação e das estratégias, e apenas sente-se na equanimidade. O que tende a acontecer é que as jhanas surgem como uma espécie de mecanismo protetor/confortante. Ótimo, sem problemas! Sente-se no conforto da jhana e apenas esteja na jhana. Muitas pessoas têm uma espécie de aversão puritana a simplesmente sentar-se na equanimidade ou na jhana. Observe sua mente e veja todas as maneiras como ela tenta enganá-lo para sair desse estado. Não há nada de errado em tirar um tempo e simplesmente estar ...

Outro conselho sobre equanimidade... Estados e estágios são úteis de se notar, mas reconheça que os retiros criam o "contêiner" da equanimidade. Você se torna mais capaz de estar com tudo ISSO porque tudo está dentro da mente, dentro da consciência — não de uma maneira particularmente especial, mas de uma forma muito, muito natural. Se as coisas estão bem como estão, você pode aproveitar a experiência vivida de estar presente. Aproveite estar "aqui". Se surgirem pensamentos como "Preciso me esforçar mais", isso é um movimento da mente. Se os pensamentos forem "Estou quase lá", isso também é um movimento da mente. Se pensar "Estou saindo da equanimidade, estou me afastando", isso também é um movimento mental. Conecte-se com sua experiência vivida, seja ela qual for. Tente viver de maneira presente e imediata durante todo o retiro. Um pequeno truque: as sensações físicas são sempre imediatas. Você pode se apoiar nelas como um refúgio, uma...

A transição de baixo QE para alto QE envolve ir além do "apenas isso" e se tornar gentilmente curioso — muito, muito, muito gentilmente curioso — sobre "o que nota apenas isso?". Em outras palavras, após o apego e a aversão terem diminuído e a EQ (Equanimidade) dominar, é hora de se interessar pela mente que conhece. O que conhece "apenas isso"? O que é a mente? Isso é algo anterior à linguagem, então a pergunta não é respondida com palavras, mas sim descoberta ao conectar-se diretamente com a mente que conhece. Frequentemente, haverá estados que se solidificam (clareza, calma, jhanas, etc.), e é ótimo permanecer neles por um tempo. É uma prática totalmente válida saborear esses estados. Esses estados ajudam a condicionar a mente. Mas, à medida que se desvanecem, você pode perguntar: o que conheceu isso? E o que sabe que isso agora está desaparecendo? Espero que você mantenha uma prática diária consistente. É muito fácil experimentar um tipo de "apati...

Tentar "manter" a mindfulness é um erro. Se você está "mantendo" mindfulness, significa que há uma parte da sua mente tentando, de forma voluntariosa, esmagar outra parte --- isso pode trazer resultados a curto prazo, mas sempre falha no final. Isso inevitavelmente leva ao esgotamento. O que você pode fazer é cultivar o interesse pela experiência direta. Pode se entusiasmar com a ideia de vivenciar completamente as sensações, impulsos, emoções e pensamentos à medida que surgem e passam. Pode desenvolver uma sensação de alegria ao dedicar tempo para praticar isso. É algo infinitamente interessante quando você realmente se envolve. Mover-se naturalmente em direção às sensações da respiração é uma ótima maneira de colocar isso em prática. Usando cada vez menos esforço, mas estando disposto a recomeçar sempre que nos perdermos em distrações, aprendemos a preferir a mindfulness de forma natural. Se forçarmos a mente a ser consciente, será uma questão de vontade. Se apren...

Uma maneira de ampliar é perceber as sensações da respiração. Após alguns minutos, inclua as sensações do corpo ao redor da respiração (inclua-as como duas mãos no piano tocando a mesma música – não duas mãos competindo para serem ouvidas, mas criando música). Após alguns minutos, inclua os sons da audição (novamente, sensações e sons agora formam um campo único e rico de experiência; não estão em conflito, estão criando totalidade). Após alguns minutos, adicione as percepções visuais (com os olhos fechados ou abertos). Maravilhe-se com o fato de que tudo está acontecendo, criando uma experiência rica e viva. Permaneça nessa experiência rica de estar vivo. Se pensamentos, dúvidas, resistências ou desconfortos surgirem – inclua isso também na experiência rica e viva. Sinta-se à vontade para sorrir e sentir uma alegria simples. Inclua isso na experiência rica e viva. E sinta-se à vontade para se maravilhar com o que está acontecendo e ser curioso sobre como tudo isso surge.

O verdadeiro truque na EQ é, primeiro, aprender a perceber as sensações como sensações, os impulsos como impulsos (pré-emoções), as emoções como emoções e os pensamentos – especialmente os pensamentos sobre a prática – como pensamentos. E então permitir radicalmente que eles sejam exatamente como são, sem evitá-los ou manipulá-los. Nem se agarrar a eles, nem evitá-los. Mas a tendência é sempre ter pensamentos "sobre isso". Quando você consegue observar a si mesmo tendo pensamentos... então você está muito perto. Quando consegue notar pensamentos sobre o "eu" ou pensamentos sobre o pensar... então você está bem na porta. Quando consegue ouvir os pensamentos e eles se tornam sons que parecem atingir a mente como pequenos pulsos... então você está atravessando a porta. E quando você está sentado em meditação, meditando sobre o fluxo mental, e atravessa a porta, você cairá em um buraco e, então, aterrissará no lugar onde já está sentado.

O "toque" de atenção plena que você precisa é muito, muito leve. Minha metáfora favorita (de Kenneth Folk) é que você está no oceano, com água na altura da cintura. Um amendoim está flutuando à sua frente, subindo e descendo em ondas suaves. Seu trabalho é colocar um dedo no amendoim enquanto ele flutua para cima e para baixo, sem perder contato e sem empurrá-lo para mais fundo na água. Então, aproveite e seja curioso sobre o EQ, permanecendo presente e participando do que surge com um toque leve. Para mim, também descobri que entrar no "fluxo de pensamentos" foi útil. Muitas pessoas notam "vibrações" mentais (quase como sentir o pulsar dos pensamentos), e pode ser interessante se perguntar sobre os intervalos entre as vibrações.

A investigação ativa é o que nos mantém sentados e avançando pelos nanas... mas chega um momento em que ela precisa ser, em grande parte, abandonada, deixando a curiosidade natural da mente assumir. Quando solidamente em EQ (Equanimidade), é hora de confiar na consciência natural e na curiosidade da mente. Note como a mente está naturalmente consciente e como a própria consciência não requer nenhum esforço. Perceba como a mente tem uma natureza curiosa e se move de objeto para objeto por conta própria. Participe desse processo (vá para onde a mente vai) e não tente forçar a mente a ir para algum lugar específico. Os empurrões suaves, nesta etapa, são mais no sentido de não permitir que uma resistência muito sutil deixe de ser plenamente experienciada. Normalmente, a resistência se manifesta como pensamentos sobre a prática. Algo diz "isso não é isso, isso está errado", e tentamos apenas um pouco mais para descobrir. Pode ser útil, ocasionalmente, notar pensamentos sobre a pró...

A Equanimidade é um grande gosto da sanidade que vem com essa prática — é como 85% do que o despertar é. Como você pode ver, não significa "Meh" (indiferença), mas sim uma apreciação pela riqueza e liberdade que estão disponíveis praticamente o tempo todo, mas que podemos ignorar quando estamos tão presos em nosso drama. No entanto, a Equanimidade tem seus próprios desafios. Normalmente, as pessoas relaxam na prática porque suas vidas normais melhoram e se tornam mais interessantes. Elas também podem desenvolver um novo conjunto de angústias, como o drama do tipo "por que está demorando tanto para essa sessão se transformar em Equanimidade?". :) A Equanimidade é como domesticar um cervo selvagem: você precisa passar muito tempo apenas sentado, calmo e gentil... então o cervo sente-se seguro, se aproxima e toca seu nariz. Se você for agressivo ou apressado, o cervo dirá: "Estou fora, esse cara está muito tenso". :) O que muitas vezes acontece é que, agora q...

Eu gosto de usar "equilíbrio" como uma metáfora para EQ... Não existe algo como equilíbrio passivo, equilíbrio estático ou "simplesmente soltar completamente"; ao contrário, é um estado contínuo de ajustes muito gentis, sutis e ainda assim ativos. O equilíbrio parece fácil, mas exige habilidade – você pode imaginar alguém aprendendo a pousar um avião ou andar de bicicleta e os problemas que iniciantes têm com rigidez e correções excessivas; basicamente, você destrói o avião/bicicleta se seus ajustes não forem desenvolvidos o suficiente. Em relação à postura, grande parte da qualidade da mente está relacionada a como mantemos o corpo. Na EQ, pode ajudar muito pensar em equilibrar o corpo sobre a coluna: empilhando naturalmente as vértebras de forma que o corpo descanse sobre si mesmo como uma pilha de fichas de pôquer – isso também é uma habilidade que se desenvolve com o tempo, mas eventualmente, sentar pode se tornar algo de muito baixo esforço. Dito isso, a postur...