Ok, vamos aprofundar um pouco mais…
Pelo que entendo, o seu modelo para SE e iluminação é perder o senso de um eu separado e encontrar um senso de união com a experiência de modo que toda experiência comunique “eu sou” ou “eu sou aquilo” ou “eu sou isso” ou “aquilo sou eu” ou “isso sou eu”. Em outras palavras, união íntima com a experiência.
O detalhe complicado é que a realidade, por assim dizer, “não é dois” (não sujeito e objeto)… mas também “não é um” (não é união). Se a não-dualidade fosse união, chamar-se-ia união, não não-dualidade. Não dois, não um.
Tornar-se íntimo é a direção certa, mas ainda é preciso vipassana. Intimidade pura torna-se jhana. Jhana é a direção certa, mas ainda é preciso vipassana.
É importante notar como a experiência de “união”, a experiência “eu sou aquilo”, é simplesmente outro estado que pode ser notado. União ainda é um estado. Ela tem qualidades que podem ser reconhecidas. Podemos sentir quando estamos no estado de união e quando saímos dele. É um estado.
Da mesma forma, quando estamos num estado geral de equanimidade, estejamos no modo união ou apenas em equanimidade geral, é simplesmente outro estado que pode ser notado. A equanimidade tem qualidades que podem ser reconhecidas. Podemos sentir quando estamos em equanimidade e quando caímos dela. É um estado.
Todos esses estados surgem na mente. Então, o que é a mente? E o que significaria ter SE, uma não-experiência? É necessária um pouco de energia investigativa. Não muita, mas ao menos curiosidade. Não fique apenas relaxando em EQ (equanimidade) ou união; em vez disso, pergunte “o que é essa mente que conhece a EQ? O que é essa mente que conhece a união?” Não é uma questão verbal e uma resposta verbal; é uma investigação não verbal: “tudo ocorre na mente, o que é a mente?”
Nesse estágio as coisas podem ficar um pouco estranhas. Pode parecer que você está se observando observar a si mesmo. Pode parecer que a experiência perde seu impacto sobre a mente, as coisas ficam abafadas. Pode ser que você caia em estados de concentração sem tentar. Tudo bem, tudo são mais experiências. Mas permaneça curioso sobre como poderia ser uma experiência de não-experiência.
Uma maneira de pensar sobre isso é que, entre cada mudança de experiências, há não-experiências, mas a mente simplesmente passa por cima delas. Note como a experiência está sempre mudando; note o fluxo dos momentos mentais. O que separa os momentos mentais?
Espero que isso aponte para uma exploração útil. Mantenha a curiosidade. Milhões já experimentaram isso que se chama Entrada na Corrente (Stream Entry). É totalmente possível. Requer persistência, sensibilidade e curiosidade.
Mantenha a curiosidade, siga em frente!
Tradução de uma resposta a uma pergunta que rolou neste link do DhO:
https://www.dharmaoverground.org/web/guest/discussion/-/message_boards/view_message/39627810
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