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O paradoxo da meditação

Muitas vezes, os desafios da vida vão acionar novamente nossos padrões reativos associados aos nanas inferiores... mas definitivamente não assuma que isso está errado ou que precisa ser rapidamente observado e descartado. Isso faz parte da maneira como a mente "entende" a vida externa. Ela vai tentar reagir à situação de formas simples para ver se alguma funciona, mas eventualmente aprendemos a lição central que a vida externa está tentando nos ensinar — e então essas reações simples tendem a desaparecer. (E às vezes a raiva, ou se afastar, etc., é realmente a resposta certa para situações específicas — por isso essas nanas podem ser apropriadas, o que é mais um motivo para não sermos totalmente avessos a ter essas experiências!)

O interessante é que, ao vermos como a vida externa aciona essas reações, começamos a enxergá-las cada vez mais como padrões simplistas, hipóteses possíveis, em vez de sempre acreditarmos que são reais. E passamos por elas muito rapidamente na vida externa se não forem apropriadas — às vezes em 10 minutos, às vezes em 1 minuto, às vezes em 1 segundo. Então, duvido que elas desapareçam completamente, mas se tornam mais rápidas e soltas.

Algumas pessoas querem pular direto para o ponto em que tudo se torna mais rápido e leve sem realmente permitir e experienciar os padrões reativos — isso nunca funciona. Ironicamente, quando realmente permitimos e aceitamos que esses padrões reativos nos atinjam de forma íntima e direta, começamos a ver ainda mais claramente a ilusão deles. Esse é o paradoxo da meditação!

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